Macro Journal - Especial:

O Retorno de Trump

Prefácio

O regresso de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos reafirma a sua posição como a figura mais poderosa e influente no cenário global, especialmente nos mercados financeiros. A sua liderança promete impactar significativamente a volatilidade e o rumo dos eventos mundiais nos próximos quatro anos, com efeitos diretos nos mercados acionistas, índices, pares de moedas, matérias-primas e criptomoedas.

Aproveite esta oportunidade para explorar as tendências de curto e longo prazo destes ativos e descubra quais poderão oferecer as melhores oportunidades durante a “Era Trump”.

Macro Geopolítica

Eleições Gerais nos Estados Unidos

Liderando a contagem de votos desde o início, o republicano Donald Trump derrotou a democrata Kamala Harris na corrida eleitoral de 5 de novembro de 2024, tornando-se o 47.º presidente dos Estados Unidos.

Os republicanos não só reconquistaram a presidência, como também dominaram o Senado e a Câmara dos Representantes, o que concede a Trump carta branca para avançar com as suas promessas de campanha, muitas delas controversas.

Resultados da Eleição Presidencial nos EUA

Fonte: The Associated Press (AP). Atualizado a 16/11/2024

Resultados da Eleição para o Senado dos EUA

Fonte: The Associated Press (AP). Atualizado a 16/11/2024

Resultados da Eleição para a Câmara dos Representantes dos EUA

Fonte: The Associated Press (AP). Atualizado a 16/11/2024

As Propostas de Trump

Durante a campanha, Donald Trump apresentou um conjunto de propostas que retomam muitas das políticas do seu primeiro mandato, caracterizadas por uma abordagem conservadora e protecionista, especialmente nas áreas da economia, política externa e imigração.

Economia

O plano económico de Trump centra-se em cortes de impostos e no aumento das tarifas sobre produtos importados. Mantém uma posição contrária aos incentivos para a transição energética, privilegiando a indústria petrolífera e colocando em segundo plano a “agenda verde” defendida pelos seus opositores.

  • Imposto sobre importações: Proposta de tarifas entre 10% e 20% sobre todas as importações, e tarifas superiores a 60% para produtos provenientes da China.
  • Imposto corporativo: Redução da taxa de imposto corporativo de 21% para 15%, visando incentivar a produção interna.
  • Corte de impostos: Eliminação de impostos sobre horas extraordinárias e gorjetas dos trabalhadores, além de cortes fiscais abrangentes para todas as classes, incluindo as mais altas.
  • Indústria: Apoio à indústria petrolífera, eliminando incentivos fiscais para veículos elétricos, embora, devido ao apoio de Elon Musk, CEO da Tesla, possa reconsiderar algumas dessas medidas.

 

As projeções de mercado sugerem que estas políticas expansionistas podem aumentar o défice orçamental entre 3,6 e 6,6 biliões de dólares na próxima década, influenciando significativamente a curva de juros da Fed.

Política Externa

Trump declarou que pretende encerrar os conflitos no Médio Oriente e na Ucrânia, embora não tenha detalhado os métodos para alcançar esses objetivos. Durante a campanha, manteve conversações com líderes importantes, como o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

No que diz respeito ao Médio Oriente, a posição dos republicanos, incluindo Trump, é semelhante à dos democratas no que concerne ao apoio a Israel. Ambos os partidos concordam com o direito de Israel à autodefesa contra ações do Hamas e outros grupos extremistas. Trump afirmou que, sob a sua presidência, o conflito atual nunca teria começado, e instou Israel a pôr fim à guerra imediatamente, ameaçando cortar o apoio militar dos Estados Unidos caso tal não aconteça.

O presidente eleito também questionou o apoio dos Estados Unidos à Ucrânia. Em abril, opôs-se à aprovação de um pacote de ajuda de 95 mil milhões de dólares ao governo ucraniano, refletindo uma crescente divisão no Partido Republicano relativamente ao interesse dos EUA no conflito ucraniano.

Durante o seu primeiro mandato, Trump retirou os Estados Unidos de vários tratados e acordos internacionais. Um exemplo foi a saída do acordo nuclear com o Irão, seguida pela imposição de sanções ao país, que, em resposta, retomou o seu programa nuclear. Atualmente, o Irão ameaça utilizar o seu programa nuclear para fins militares, exacerbando as tensões com Israel.

Trump também reiterou ameaças de retirar os EUA da NATO, argumentando que os países membros, especialmente os europeus, deveriam aumentar os seus gastos militares para fortalecer a aliança. A NATO tem desempenhado um papel crucial no apoio à Ucrânia, fornecendo armas e formação às suas tropas.

Imigração

Durante a campanha, Trump prometeu retomar as políticas migratórias do seu primeiro mandato, destacando a intenção de levar a cabo a maior deportação em massa da história dos Estados Unidos. Defendeu que a entrada de imigrantes ilegais está a contribuir para um aumento da criminalidade no país, apesar de dados do FBI indicarem uma redução nos registos de crimes violentos.

No discurso de vitória, o presidente eleito reforçou o seu compromisso de fechar as fronteiras, permitindo apenas a entrada de imigrantes legais nos Estados Unidos.

Uma das principais bandeiras do seu primeiro mandato foi a construção de um muro na fronteira entre os Estados Unidos e o México. Trump afirmou que o México assumiria os custos da obra. Apesar de o Congresso ter aprovado parte do orçamento necessário, apenas uma fração da estrutura foi concluída.

Além disso, durante o seu governo, Trump endureceu as regras para a entrada de trabalhadores estrangeiros, resultando num aumento significativo de recusas na emissão ou extensão de vistos. Esta política afetou vários setores da economia, especialmente empresas e o setor agrícola, que dependiam de mão-de-obra estrangeira.

De acordo com a NBC News, as políticas de imigração de Trump contribuíram para uma redução significativa da força de trabalho estrangeira em várias indústrias, o que, segundo especialistas, teve um impacto negativo no crescimento do PIB dos Estados Unidos.

Mercados Financeiros

As políticas de Donald Trump têm o potencial de alterar significativamente a dinâmica dos mercados financeiros globais, influenciando uma ampla variedade de ativos, incluindo ações, índices, divisas, criptoativos e matérias-primas.

S&P 500 (Usa500)

Os principais índices de Wall Street atingiram máximos históricos, impulsionados pela expectativa de cortes nos impostos corporativos e uma menor regulação sob a administração Trump.

O S&P 500, por exemplo, ultrapassou a marca dos 6.000 pontos, registando um aumento de mais de 200 pontos em apenas três dias, o maior ganho semanal em um ano.

Gráfico: Usa500.
Gráfico: UsaRus.

Russell 2000 (UsaRus)

O índice Russell 2000, que representa empresas de menor capitalização, também registou um desempenho proporcional, com um aumento de 170 pontos. Embora não tenha atingido um novo máximo histórico, chegou muito próximo disso. As pequenas empresas são vistas como as principais beneficiadas dos cortes de impostos e da flexibilização regulatória proposta por Trump.

Nasdaq 100 (UsaTec)

O Nasdaq 100 também registou avanços significativos após a vitória de Trump, com um ganho máximo de 900 pontos, ultrapassando os 21 mil pontos pela primeira vez na história. No entanto, o setor tecnológico enfrenta potenciais desafios, com nuances que podem influenciar o seu desempenho futuro.

Num cenário de possível guerra comercial, a tecnologia pode tornar-se um ponto de negociação. Trump poderá restringir o acesso da China a chips avançados fabricados por empresas americanas e bloquear aplicações chinesas que recolhem dados de utilizadores americanos. Estas ações podem levar a retaliações da China, impactando negativamente plataformas de redes sociais e outras empresas tecnológicas.

Gráfico: UsaTec.
Ações da Tesla (TSLA).

Tesla (TSLA)

Um dos destaques do mercado de ações após a vitória de Donald Trump foi o desempenho das ações da Tesla, que registaram um aumento impressionante de 42% em apenas quatro dias. Este salto deve-se, em parte, ao apoio significativo de Elon Musk, CEO da Tesla, à campanha de Trump. Musk contribuiu com mais de 130 milhões de dólares, tornando-se um dos principais financiadores do republicano.

Além do apoio financeiro, Musk esteve ativamente envolvido na campanha, participando em comícios nos momentos finais da corrida eleitoral. Durante esses eventos, sugeriu cortes orçamentais de pelo menos 2 biliões de dólares nos próximos anos, o que representa cerca de 30% de todas as despesas do governo federal.

Num movimento estratégico, Trump anunciou que Elon Musk irá liderar o novo Departamento de Eficiência Governamental. Neste papel, Musk terá a responsabilidade de identificar áreas onde os Estados Unidos devem reduzir despesas e onde devem investir mais, funcionando como uma espécie de consultor para o governo.

“Todos os gastos do governo provêm de impostos, seja de tributação direta ou indireta. Isso acaba por se traduzir em inflação ou em mais tributação direta. Se o dinheiro está a ser desperdiçado, o Departamento de Eficiência Governamental vai resolver isso.” – Elon Musk

Entre as funções do cargo, incluem-se:

  • Desmantelar a Burocracia: Simplificar os processos governamentais para aumentar a eficiência;
  • Eliminar Regulações Excessivas: Reduzir a carga regulatória que pode estar a sufocar a inovação e o crescimento económico;
  • Cortar Despesas Desnecessárias: Identificar e eliminar gastos que não acrescentem valor ao governo ou à sociedade;
  • Reestruturar Agências Federais: Reformular a estrutura das agências para melhorar a sua eficácia e eficiência.

Estas iniciativas visam otimizar o funcionamento do governo, reduzir o desperdício de recursos e, potencialmente, aliviar a carga fiscal sobre os cidadãos.

O que Musk ganha com isso? 

A principal empresa de Musk, a fabricante de carros elétricos Tesla, voltou a ultrapassar a marca de 1 bilião de dólares em valor de mercado após a vitória de Trump, aumentando a fortuna de Musk em cerca de 70 mil milhões de dólares.

As políticas protecionistas de Trump, como a imposição de tarifas sobre produtos importados, deverão dificultar o acesso ao mercado americano da maior concorrente da Tesla, a chinesa BYD. As duas empresas estão envolvidas numa guerra de preços baixos para conquistar uma maior fatia do mercado.

Além dos impactos diretos na Tesla, outras empresas de Musk, como a SpaceX e a Neuralink, também poderão beneficiar das políticas de Trump. Ambas dependem fortemente de regulamentações, subsídios e políticas governamentais favoráveis para operar e expandir as suas atividades.

Outra jogada estratégica de Musk foi a aquisição da rede social X, anteriormente conhecida como Twitter. Com Trump a ser um dos utilizadores mais ativos, a plataforma pode tornar-se a principal fonte de comunicação do novo presidente americano, revitalizando o X com novos anunciantes e criando a oportunidade para uma recuperação financeira. A expectativa de receitas para o X este ano é de 1,9 mil milhões de dólares, ainda abaixo dos 4,5 mil milhões alcançados antes da aquisição por Musk.

Setor Financeiro

As ações de bancos e corretoras estão entre as principais beneficiadas de uma política regulatória mais branda, sendo o segmento também apoiado, a médio prazo, por uma economia americana robusta e pela perspetiva de cortes nas taxas de juro pela Fed.

As ações da Goldman Sachs (GS) registaram uma valorização superior a 15% após a vitória de Trump, enquanto as da JP Morgan (JPM) subiram 10%.

Gráfico da Goldman Sachs (GS).

Divisas e Juros

Nos últimos 45 dias, o dólar e as taxas de juro nos Estados Unidos registaram uma subida significativa, impulsionada pela antecipação da vitória de Donald Trump na corrida presidencial. A agenda proposta por Trump, que inclui medidas fiscais expansivas e políticas de imigração restritivas, têm o potencial de aumentar a dívida pública americana, fomentar a inflação e restringir o comércio global.

Uma das principais preocupações globais é a introdução de novas tarifas comerciais. Trump prometeu aumentar as tarifas de importação para proteger e fortalecer a produção americana, com um foco especial na China e no México. Este aumento nas tarifas tornaria os produtos importados mais caros, o que poderia levar a uma inflação maior, dado que muitos desses produtos têm custos de produção mais baixos do que os fabricados nos Estados Unidos.

Trump também propôs deportações em massa de imigrantes ilegais e restrições à entrada de novos imigrantes, argumentando que estes competem com os trabalhadores americanos. No entanto, esta mão de obra, geralmente mais barata, ajuda a manter os custos de produção baixos. Com menos imigrantes, os custos de produção nos EUA podem aumentar, contribuindo para uma inflação mais elevada.

Uma inflação mais elevada é combatida com taxas de juro mais altas. Atualmente, a ação da Reserva Federal  (o banco central dos Estados Unidos)  tem sido no sentido de reduzir as taxas de juro, mas é possível que este movimento abrande ou até seja revisto com a eleição do republicano.

De acordo com o CME Group, espera-se que a Fed interrompa o ciclo de cortes de taxas de juro na faixa de 3,75% a 4,00%, em comparação com a faixa anterior de 3,00% a 3,25% prevista em setembro.

Diante disso, o rendimento dos títulos do Tesouro americano a 10 anos subiu para os máximos registados em julho, com expectativas de continuidade deste movimento de alta. A ponta curta da curva de juros, representada pelo título a 2 anos, também atingiu os máximos de agosto, refletindo a sensibilidade às taxas de juro da Fed.

Gráfico do Rendimento do T-Note de 2 anos (Acima) e de 10 anos (Abaixo).
Gráfico do DXY (UsdInd)

O índice DXY, que mede o dólar contra as seis principais moedas globais, alcançou máximas de um ano. Esse movimento no câmbio reflete uma mudança no fluxo e na dinâmica dos ativos globais, tornando os Estados Unidos mais atrativos com a vitória de Trump.

Esses movimentos demonstram um cenário mais desafiante para as economias globais, provocando uma procura por ativos seguros face às incertezas associadas à segunda presidência de Trump.

Bitcoin

A criptomoeda mais famosa do mundo vem rompendo máximas históricas dia após dia, se destacando como o ativo que mais se valorizou desde a vitória de Trump. Recentemente, o Bitcoin ultrapassou a marca de US$ 90 mil, em comparação aos US$ 70 mil antes das eleições, representando um aumento superior a 30%.

Gráfico do Bitcoin (BTCUSD).

Durante a sua campanha, Trump prometeu criar um ambiente regulatório mais favorável para as criptomoedas, com a ambição de transformar os Estados Unidos na “capital mundial de cripto”. Este apoio às criptomoedas pode manifestar-se em quatro frentes principais:

  1. Remoção do SAB 121: Facilitaria uma maior adoção das criptomoedas.
  2. Aprovação de Stablecoins: Simplificação no processo de aprovação destas moedas digitais.
  3. Reformas na SEC: Alterações na Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos para permitir aprovações mais rápidas.
  4. Reserva de Bitcoin: Potencial para o governo manter uma reserva significativa de Bitcoin.

 

Atualmente, o governo americano e a Reserva Federal já possuem uma pequena reserva em criptomoedas, com potencial significativo de expansão sob a administração de Trump.

Projeções para as Criptomoedas

Analistas do Standard Chartered reviram as suas projeções para o preço de Bitcoin, Ethereum e Solana, prevendo que as criptomoedas continuarão a valorizar até à posse de Trump em 20 de janeiro. A estimativa é que Bitcoin atinja 100.000 dólares até 27 de dezembro e 125.000 dólares até 20 de janeiro. O banco projeta que o valor de mercado dos ativos digitais suba para 10 biliões de dólares até ao final de 2026, comparado aos atuais 2,5 biliões de dólares. As previsões para o final de 2025 incluem o Bitcoin a 200.000 dólares e o Ethereum a 10.000 dólares.

Outras instituições, como a Bernstein, aconselharam os seus clientes a “comprarem tudo o que puderem”, conforme relatado pelo The Block. Analistas da NYDIG também enfatizam que “não há desculpas” para evitar o investimento em Bitcoin.

Ouro

Em tempos de incerteza global, o ouro destaca-se tradicionalmente como um porto seguro para traders em busca de proteção, o que tende a elevar o seu preço. No entanto, esta matéria-prima metálica enfrenta concorrência direta do Tesouro americano, que oferece a vantagem de pagar juros através de cupões.

Com o Tesouro americano a oferecer taxas mais elevadas, o fluxo de investimento em ativos seguros tende a direcionar-se para os títulos da dívida americana, relegando o ouro para um papel secundário.

Como agravante, o dólar exerce um forte impacto no mercado global de commodities. Quando a moeda americana valoriza, as commodities, incluindo o ouro, tendem a desvalorizar, pois tornam-se mais caras para compradores internacionais. Inversamente, uma desvalorização do dólar pode levar a uma valorização das commodities.

Apesar dos desafios de curto prazo, a perspetiva de longo prazo para o ouro mantém-se positiva. O Citi, num relatório, destacou que, historicamente, o ouro apresentou retornos médios negativos em períodos de curto prazo após as eleições presidenciais nos EUA. Antes das eleições, o banco projetou que a vitória de Trump poderia desencadear uma liquidação do metal precioso.

Gráfico do Ouro (Gold).

No entanto, o interesse pelo ouro continua robusto. Apenas nos primeiros nove meses de 2024, os bancos centrais adicionaram 694 toneladas de ouro às suas reservas monetárias, sugerindo um interesse contínuo por esta matéria-prima.

Estes fatores indicam que, enquanto o ouro pode enfrentar pressões no curto prazo devido à concorrência com os títulos do Tesouro e à força do dólar, a sua atratividade como ativo de longo prazo mantém-se sólida, sustentada por uma procura consistente por parte de bancos centrais e traders globais.

Petróleo

O novo presidente americano tem como objetivo estratégico maximizar a exploração de petróleo e gás nos Estados Unidos, promovendo a expansão do arrendamento de terras federais e revertendo regulamentações ambientais. Esta abordagem política praticamente assegura que o país continuará a ser o maior produtor de petróleo do mundo.

A oferta abundante resultante desta política pode contribuir para manter os preços do petróleo em níveis baixos, embora a commodity seja influenciada por uma variedade de fatores.

Por outro lado, é provável que Trump intensifique a aplicação de sanções contra o Irão, o que poderia reduzir parte da oferta global de petróleo bruto. Além disso, ele expressou a intenção de aumentar significativamente os níveis da Reserva Estratégica de Petróleo dos Estados Unidos, o que poderia sustentar os preços do petróleo à medida que o governo participa ativamente dos mercados.

Gráfico do Petróleo WTI (LCrude).

Mercado Emergentes

Em outubro deste ano, os traders estrangeiros realizaram a maior venda de ações em mercados emergentes desde o início de 2020, quando o mercado enfrentou um movimento de venda generalizado devido à pandemia da Covid-19.

As ações chinesas, em particular, sofreram uma perda de 9 mil milhões de dólares, após terem registado o maior fluxo de entrada desde 2015, impulsionado pelos estímulos governamentais implementados no final de setembro.

No geral, os mercados emergentes foram significativamente influenciados pelas eleições presidenciais nos Estados Unidos. Com a vitória de Donald Trump, os traders redirecionaram os seus investimentos para empresas que beneficiaram com o regresso do republicano à Casa Branca. Isto resultou num aumento do dólar e das taxas dos títulos do Tesouro norte-americano.

Gráfico do índice China A50 (CHINAA50).

A valorização do dólar em relação às moedas de países emergentes intensificou a aversão ao risco nos mercados acionistas. Além disso, a aplicação de tarifas sobre esses mercados e o elevado nível de dívida das economias emergentes agravaram a perspetiva para esses ativos.

O Presidente chinês, Xi Jinping, manifestou a sua disposição para “trabalhar com a nova administração” dos Estados Unidos, tendo em vista “manter a comunicação, ampliar a cooperação e gerir as diferenças”. Esta declaração foi proferida no início de uma reunião bilateral entre Xi e o atual Presidente dos EUA, Joe Biden.

Principais conclusões

Entretenimento

As indicações na secção de entretenimento não têm necessariamente relação com o mercado de capitais e investimentos. O objetivo é fornecer poucas, mas valiosas sugestões.

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Novembro, 2024