A nova corrida ao ouro

Descubra o que está por trás da nova alta do ouro

É o momento de aprofundar o conhecimento e de aprender a identificar as melhores oportunidades deste novo ciclo.

Recordes do ouro

Ouro em alta: traders comemoram novos recordes

Mais uma semana, mais um recorde para o preço do ouro, para entusiasmo dos investidores. A edição especial de fevereiro do Macro Journal revisita um ativo que já esteve em destaque em junho de 2024, quando o ouro rondava os 2.400 dólares por onça. Atualmente, esse valor aproxima-se dos 2.900 dólares, impulsionado por uma combinação de fatores antigos e novos.

O regresso de Donald Trump à presidência dos EUA foi visto como uma bênção para os investidores, já que as incertezas sobre o comércio criaram receios de que o ouro pudesse ser alvo de novas tarifas. Em antecipação a isso, houve um aumento massivo nas transferências de ouro para os cofres da COMEX nos EUA. Como resultado, os futuros do ouro estão a ser negociados com um prémio em relação aos preços spot, o que tem contribuído para a redução da oferta global deste metal.

Foco no ouro

Ouro 2.0: os novos impulsionadores da alta e o que esperar em 2025

O ouro é uma das commodities mais importantes do mundo, não só pela sua utilização no fabrico de joias e em placas de semicondutores, mas sobretudo pelo seu papel como ativo de refúgio.

Na dinâmica do Ouro 2.0, podemos identificar novos catalisadores de volatilidade, mas antes é importante recordar os fatores tradicionais que influenciam o seu valor:

Entre os novos catalisadores que têm vindo a destacar-se recentemente, podemos mencionar:

Só em 2025, o ouro já teve uma valorização de 11% em 32 sessões de mercado.

O efeito Trump: como as novas tarifas podem influenciar os preços do ouro

A recente valorização do ouro pode ser atribuída, em grande parte, à ameaça de tarifas de importação anunciadas pelo novo governo de Trump. Esta situação não só explica o movimento atual do metal precioso, como também pode prenunciar tendências futuras, quer na manutenção da alta, quer na concretização de lucros.

Para implementar estas tarifas sem depender da aprovação do Congresso, Trump declarou emergência nacional, o que lhe confere amplos poderes para impor sanções em resposta a crises.

Trump estabeleceu tarifas de 25% sobre todas as importações do México e do Canadá, com exceção do petróleo canadiano, que seria taxado a 10%. Após negociações com os dois países vizinhos, a implementação destas tarifas ficou adiada até ao início de março. O acordo alcançado incluiu compromissos para intensificar a vigilância nas fronteiras, com vista a combater o tráfico de drogas e a imigração ilegal. Contudo, no futuro, Trump poderá ponderar a imposição de novas tarifas, especialmente em resposta ao desequilíbrio da balança comercial e ao aumento das tarifas de importação aplicadas pelos seus vizinhos.

Em relação à China, Trump adotou uma abordagem mais moderada, aplicando uma taxa de importação de 10% sobre todos os produtos chineses. No entanto, Pequim recusou-se a negociar e respondeu com uma retaliação mais ampla contra os EUA.

Guerra comercial: como a retaliação da China impacta os Mercados Globais

Como parte das suas medidas de retaliação, a China impôs uma tarifa de 15% sobre a importação de carvão e gás liquefeito proveniente dos EUA. Para além disso, produtos como o petróleo, as máquinas agrícolas e os veículos de grande porte americanos estão sujeitos a tarifas de 10%. A China começou ainda a restringir a exportação de metais raros para os Estados Unidos, incluindo produtos à base de tungsténio, telúrio, bismuto e molibdénio. Para agravar a situação, o governo chinês iniciou investigações sobre grandes empresas americanas, como a Google, a Nvidia, a PVH Corp (holding de marcas como a Calvin Klein) e a empresa de biotecnologia Illumina.

Entretanto, as tarifas impostas pela China afetam cerca de US$ 20 mil milhões de dólares em exportações dos EUA, o que representa apenas 12% do total que os americanos vendem para o país anualmente. Em contrapartida, esse valor é significativamente inferior aos US$ 450 mil milhões de dólares em importações chinesas que foram taxadas pelos Estados Unidos.

Canadá retalia: o próximo capítulo da disputa comercial com os EUA

Apesar da cooperação do Canadá, já se encontra em curso um plano de retaliação. O país poderá responder com a imposição de tarifas de 25% sobre US$ 155 mil milhões de dólares em produtos dos Estados Unidos, incluindo artigos como cerveja, vinho, madeira e eletrodomésticos. A implementação destas tarifas seria gradual, iniciando com US$ 30 mil milhões e, após alguns dias, aumentando para US$ 125 mil milhões. Para além disso, o Canadá poderá ainda restringir o fornecimento de matérias-primas estratégicas, tais como níquel, potássio, urânio, aço e alumínio.

No âmbito da balança comercial, o Canadá exporta aproximadamente 100 mil milhões de dólares em petróleo por ano para os EUA, o que representa cerca de 25% do consumo americano desta matéria-prima.

Aço e alumínio na mira: o efeito das novas tarifas de Trump no Brasil

Numa medida que relembra o seu primeiro mandato, Trump assinou um decreto que impõe tarifas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio para os Estados Unidos. Esta decisão tem um impacto direto no Brasil, um dos principais fornecedores destes produtos. Contudo, as tarifas só entrarão em vigor a partir de 12 de março.

Trump declara guerra às tarifas desiguais

Na mais recente investida, Trump assinou um memorando com o objetivo de estabelecer novas tarifas sobre as importações de todos os países, de forma a equiparar as taxas cobradas aos exportadores americanos. Um exemplo claro desta abordagem é a disparidade nas tarifas sobre o etanol: enquanto os EUA impõem uma tarifa de 2,5% sobre as importações de etanol do Brasil, o Brasil aplica uma tarifa de 18% sobre o etanol dos Estados Unidos.

O risco de estagflação nos EUA e recessão na América do Norte

De acordo com o modelo económico desenvolvido por Greg Daco, economista-chefe da EY, uma guerra comercial poderá reduzir o crescimento económico dos EUA em até 1,5 ponto percentual este ano, para além de empurrar o Canadá e o México para a recessão. Esse cenário poderá ainda desencadear o início de um período de “estagflação” nos Estados Unidos.

Daco alertou que “um aumento acentuado das tarifas aplicadas aos parceiros comerciais dos EUA pode gerar um choque estagflacionário — isto é, uma combinação de estagnação económica com alta dos preços —, ao mesmo tempo que provoca volatilidade nos mercados financeiros”, conforme indicado no seu relatório.

Bancos globais movem ouro para os EUA em busca dos prémios da COMEX

Grandes bancos globais estão a intensificar o transporte de ouro para os Estados Unidos a partir de Londres, da Suíça e de importantes centros asiáticos, como Dubai e Hong Kong. O objetivo é aproveitar o prémio excepcionalmente elevado dos contratos futuros de ouro nos EUA (GC) face aos preços à vista (GOLD).

Este movimento acelerado aumentou as taxas de arrendamento de ouro em Londres, o principal mercado de balcão global.

Historicamente, os fluxos de ouro seguem na direção oposta, do Ocidente para o Oriente, impulsionados pela forte procura da China e da Índia – os dois maiores consumidores globais, responsáveis por quase metade do consumo mundial.

No entanto, incertezas relacionadas com as tarifas de importação impostas por Trump fizeram com que os preços dos contratos futuros da COMEX disparassem em relação aos preços do ouro à vista nos últimos meses, criando uma oportunidade de arbitragem altamente lucrativa.

Como consequência, os stocks de ouro da COMEX aumentaram quase 80% desde o final de novembro, somando 13,8 milhões de onças, o que equivale a mais de 38 mil milhões de dólares. Os stocks de prata e platina nos armazéns autorizados também registaram crescimento, enquanto o paládio manteve-se inalterado.

O prémio dos contratos futuros da COMEX face aos preços à vista subiu para cerca de 28 dólares por onça em 10 de fevereiro, enquanto na Índia os preços eram negociados com descontos de até 24 dólares e na China o desconto rondava um dólar.

Com a procura do retalho nos mercados asiáticos enfraquecida pelos preços elevados, os bancos de ouro estão a aproveitar o baixo custo de transporte desses centros para os Estados Unidos, lucrando com os prémios atrativos da COMEX.

Taxas de arrendamento disparam em Londres

Londres alberga o maior mercado de negociação de ouro de balcão do mundo, onde os participantes negociam diretamente entre si, sem a intermediação de uma bolsa.

Com a subida abrupta dos preços dos contratos futuros da COMEX, os traders estão a apressar-se a pedir ouro emprestado aos bancos centrais que armazenam o metal em Londres. O tempo mínimo de espera para retirar ouro do Banco de Inglaterra (BoE), que mantém reservas para os bancos centrais, aumentou para um mês, em contraste com os poucos dias habituais em condições normais.

Alguns bancos centrais aproveitam o aumento das taxas para obter retorno ao emprestar o seu ouro. O Banco da Inglaterra detém mais de 400.000 barras de ouro, avaliadas em mais de US$ 450 mil milhões, armazenadas principalmente em nome de bancos centrais e grandes negociantes. Esse volume representa apenas uma parte das mais de 8.000 toneladas de ouro armazenadas em Londres.

A escassez de oferta de ouro físico reflete-se na subida das taxas de arrendamento de um mês para lingotes, que saltaram para cerca de 4,7%, muito acima do nível habitual, próximo de zero. Essa taxa indica o retorno que os detentores de ouro em Londres podem obter ao emprestar o seu metal a curto prazo, um fenómeno raro no mercado do ouro.

As barras padrão de 400 onças negociadas em Londres não podem ser enviadas diretamente para Nova Iorque para liquidação na COMEX. Antes disso, precisam ser refinadas em unidades menores de 100 onças, um processo realizado em locais como a Suíça. Mesmo assim, o prémio de cerca de 50 dólares por onça de ouro na COMEX tornou esta operação altamente lucrativa.

Sobre o fluxo de ouro para Nova Iorque, o governador do Banco da Inglaterra, Andrew Bailey, declarou: “Já não estamos no padrão-ouro, então isso não tem relevância para a política monetária nesse sentido.”

Ouro e exportações

Suíça multiplica exportações de ouro para os EUA perante a nova corrida

A Suíça é o maior centro de refino e trânsito de ouro em barras do mundo. Em dezembro, as exportações suíças de ouro para os EUA saltaram para 64,2 toneladas, um aumento significativo face às 3,3 toneladas registadas no mês anterior. Enquanto isso, as remessas para a China, o maior consumidor global, caíram para níveis mínimos.

Exportações totais de ouro da Suíça e fornecimento para os principais mercados (em kg):

Macroeconomia

Procura por ouro bate recorde com compras dos Bancos Centrais

A procura global por ouro, incluindo as negociações no mercado de balcão, atingiu um recorde de 4.974,5 toneladas métricas em 2024, registando um aumento de 1% no ano. No mesmo período, os preços do ouro à vista dispararam 27%.

Segundo o World Gold Council (WGC), os Bancos Centrais adquiriram mais de 1.000 toneladas de ouro pelo terceiro ano consecutivo. Apenas no último trimestre de 2024, as suas aquisições cresceram 54% na comparação anual, totalizando 333 toneladas. O Banco Nacional da Polónia liderou as compras, acrescentando 90 toneladas às suas reservas.

A procura por investimentos em ouro subiu 25% em 2024, atingindo um pico de quatro anos de 1.180 toneladas, impulsionada principalmente pelo crescimento dos fundos negociados em bolsa (ETFs). Enquanto a procura por barras de ouro aumentou 10%, a compra de moedas caiu 31%.

Para 2025, espera-se que os Bancos Centrais continuem a liderar as compras, enquanto os investidores em ETFs deverão aumentar a sua exposição, especialmente face a possíveis cortes nas taxas de juro em economias como a do Canadá, Europa e Reino Unido.

O consumo de joias de ouro, que representa a maior parcela da procura física, caiu 11% em 2024. Simultaneamente, a produção das minas manteve-se estável e a reciclagem de ouro saltou 15%. A tendência indica que a procura por joias seguirá sob pressão, enquanto a reciclagem poderá continuar a crescer face aos preços elevados.

China volta ao mercado do ouro e impulsiona as reservas

O Banco Central da China (PBoC) retomou a compra de ouro para as suas reservas em novembro, após uma pausa de seis meses. Maior comprador oficial de ouro em 2023, o PBoC reacendeu o apetite pelo metal depois de interromper uma sequência de compras que se estendeu por 18 meses, em maio.

Apesar do aumento dos preços do ouro, os traders interpretam esta movimentação como parte de uma estratégia mais ampla do PBoC para diversificar as suas reservas e reduzir a exposição ao dólar americano.

A continuidade das compras pelo banco central chinês pode sustentar os preços do ouro nos próximos meses, visto que as reservas do metal atingiram US$ 211,6 mil milhões na cotação de 14 de fevereiro.

Ouro a caminho dos 3.200 dólares?

O UBS estima que o ouro possa atingir um pico acima de US$ 3.200 antes de se estabilizar em patamares elevados nos próximos anos. Segundo os analistas, a forte procura dos Bancos Centrais, a baixa alocação dos investidores e um sentimento largamente comprador sustentam esta perspetiva de valorização.

Já o Citi elevou as suas previsões para o preço médio do ouro em 2025, citando riscos geopolíticos, tensões comerciais e compras robustas por parte dos Bancos Centrais.

O banco reviu a sua meta de preço para três meses, de 2.800 para 3.000 dólares por onça, e aumentou a sua projeção média para 2025, de 2.800 para 2.900 dólares por onça.

O estratega sénior da RJO Futures, Bob Haberkorn, também reforçou esta visão otimista, afirmando que “o ouro poderá ser negociado acima de US$ 3.000 ao longo do ano”.

Em contraste com as projeções otimistas, os preços do ouro, próximos ao patamar psicológico de US$ 3.000, aliados à ausência de uma escalada na guerra comercial global, impulsionada pelas tarifas do presidente dos EUA, Donald Trump, podem abrir espaço para uma realização de lucros e para uma possível correção dos preços do metal, a curto e médio prazo.

“Estamos a ver alguns traders de futuros de curto prazo a realizar lucros… O mercado está a começar a ficar sobrecarregado e pode passar por uma pressão corretiva de baixa, seguida de um período de consolidação nos gráficos”, afirmou Jim Wyckoff, analista sénior de mercado da Kitco Metals.

Junior Wuttke

Conclusão

A procura global mantém-se firme, embora correções possam ocorrer ao longo do percurso.

As indicações na secção de entretenimento não estão necessariamente relacionadas com o mercado de capitais e investimentos. O objetivo é oferecer sugestões poucas, mas valiosas.

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